terça-feira, 29 de abril de 2008

vá passear!


(clicar na imagem para ampliar e ver o programa em pormenor)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

a pipa


situação 1: jantar a dois. primeiro jantar. bom restaurante, bom ambiente, boa comida e bom vinho. sobretudo bom vinho.
aperitivos, primeiras conversas, primeiros copos de vinho. este vinho - diz ele - é da melhor casta, da melhor colheita, de 2001.
ela prova, sorri, mas acrescenta que não acha nada de especial. na realidade, ele também não está a achar o vinho nada de especial, mas ele sabia que era da melhor colheita, da melhor casta, tinha de ser bom. e ela, deixa lá, o que é que isso interessa, vamos mudar de assunto. ele concorda, queixa-se desta primavera que nunca mais chega, ela concorda, o tempo anda horrível. a comida estava boa, ele ofereceu-se para a levar a casa, mas ela preferiu apanhar um táxi e ficaram de combinar voltar a jantar um dia destes.

situação 2: jantar a dois. primeiro jantar. bom restaurante, bom ambiente, boa comida e bom vinho. sobretudo bom vinho.
aperitivos, primeiras conversas, primeiros copos de vinho. este vinho - diz ele - é da melhor casta, da melhor colheita, de 2001.
ela prova, sorri, e diz que é, de facto, fantástico. ele concorda, aliás, já sabia que era fantástico, era da melhor colheita, da melhor casta. e ele, a servir mais dois copos a pedir para lhe falar de si. e ela a falar, e os dois a rir, depois falou ele e riam outra vez. e mais uns copos de vinho, e a conversa estava óptima, e a comida estava óptima, a sobremesa deciliciosa, o café perfeito. sairam, divertidos. ele convidou-a para ir até casa dele e ela, estava a ver que tinha de te convidar eu. e ainda havia daquele vinho em casa, da melhor casta. da melhor colheita...

Obviamente são 2 situações que se desenvolvem nas mesmas condições, com resutados diametralmente opostos. o ponto de disturbio das situações está claramente no vinho. mas como, se o vinho era do mesmo, da melhor casta, da melhor colheita de 2001? eram de facto dois vinhos da melhor colheita da melhor casta de 2001, mas eram vinhos diferentes: o vinho da situação 2 tinha sido armazenado e tratado em pipas de palaçoulo, o vinho da situação 1, não.


P.S. a qualidade das pipas produzidas em palaçoulo remonta à antiguidade: consta que Baco, deus romano do vinho (porque percebia muito de vinhos, e que gostava de bacanais, aliás bacanal deriva de baco) terá recusado uma noite louca com Vénus, deusa romana do amor (porque percebia muito do amor), por esta lhe ter servido um copo de vinho que não tinha sido tratado em pipas de palaçoulo.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

rodelão contra a cruz

-vamos jogar à bola?
-vamos. como é que jogamos?
-rodelão contra a cruz.
-bota!
[sempre uma boa alternativa à normal escolha das equipas jogador a jogador, tão cruel para os últimos a ser escolhidos]

o clássico desafio de futebol.
parte de baixo contra parte de cima da aldeia.
rodelão representando todas as ruas para baixo da rua do rodelão.
cruz, todas as ruas para cima do largo da cruz.
(curiosamente, a divisão é na caleija das nilgas)
e sempre rodelão contra a cruz.
nunca ouvi ninguém dizer cruz contra rodelão.

a expressão 'contra a cruz' encerra em si algo de profano, talvez por isso soasse melhor.
ou porque os do rodelão eram os maus, que atacavam.
não era por o rodelão jogar em casa, porque isso variava (eiras de cima ou eiras de baixo).
não sei.
sei que joguei muitos 'rodelão contra a cruz' e não me lembro de jogar nenhum 'cruz contra rodelão'.
pela cruz, os bons.

um refinamento destes confrontos surgiu a partir do momento em que apareceu o torneio inter-ruas, assunto a que voltarei em pormenor um dia destes.