há acontecimentos e pessoas que, de tão marcantes, dividem a história em duas partes: um antes e um depois. o nascimento de cristo é o maior exemplo, alterando até a forma como os anos passaram a ser contados. este post é escrito em 2013, porque passam 2013 anos desde o nascimento de cristo, ou seja é escrito em 2013 d.c. .
as abreviaturas a.c. / d.c. têm em palaçoulo (e em particular na mocidade de palaçoulo) um outro significado para além do habitual antes de cristo / depois de cristo, e não tem nada a ver com aquela banda aos berros. significam também antes do chefe / depois do chefe. porque, de facto, a chegada do chefe foi um momento de ruptura.
antes do chefe (a.c.), a mocidade andava desorientada, à deriva, sem líder a quem seguir, sem um exemplo, sem alegria, já quase nem se bebia cerveja. cada um ia para seu lado, ninguém sabia por onde andava, batia-se com a cabeça nas paredes, um caos.
depois do chefe (d.c.), tudo mudou. liderando a mocidade numa espécie de ditadura consentida (o chefe é presidente da direcção, da assembleia geral, tesoureiro e tudo o resto), o chefe impôs a sua lei, o seu povo seguiu-o, a harmonia foi alcançada e tudo floresceu: as raparigas ficaram mais bonitas, os rapazes mais viris, os campos mais verdejantes e as fontes voltaram a correr. uma espécie de paraíso surgiu.
embora partilhem características fundamentais dos grandes líderes (coragem, capacidade de mobilização, carisma) não se queira estabelecer paralelismos entre o chefe e jesus cristo, até porque há diferenças fundamentais entre estas duas grandes personagens:
- jesus cristo transformou água em vinho; o chefe dispensa a água e faz desaparecer o vinho;
- jesus cristo caminhou sobre as águas, o chefe repousa sobre pernas arqueadas;
- jesus cristo tinha doze apóstolos, o chefe tem meia grade de cerveja;
- jesus cristo ressuscitou ao terceiro dia, o chefe vomita ao terceiro dia de borracheira;
- jesus cristo subiu aos céus, o chefe desce à adega;
- jesus cristo está sentado à direita do pai, o chefe está encostado ao balcão da associação;
- jesus cristo foi crucificado, o chefe não morrerá.
viva o chefe!
sábado, 29 de junho de 2013
terça-feira, 4 de junho de 2013
até já, tio joão
O programa “Bom dia, Tio João”, que durante quase 24 anos deu voz, a partir de Bragança, sobretudo aos idosos isolados, está silenciado desde sexta-feira, deixando em “choque” a “família” que fez da rádio uma instituição social.
nunca fui ouvinte do mais famoso programa de rádio de bragança (até porque começava às 6 da manhã), mas isso não significa que não ache o programa interessante. podia não o ser para mim, mas era-o para muitas pessoas que tinham ali uma companhia diária e partilhavam estórias e momentos com uma vasta comunidade de pessoas com os mesmos interesses, conhecidos, conhecidos da rádio ou desconhecidos de todo, na tal 'família do tio joão'. para muitas pessoas a família do tio joão era, provavelmente, a sua única família. era a rádio a cumprir a sua função social. a partir de agora, um programa de proximidade feito por pessoas locais para as pessoas locais passa a ser substituído por programação da M80, provavelmente feita por um computador a partir de lisboa. custa muito a perceber esta opção até porque, dada a popularidade do programa, mesmo economicamente o projecto deve ser viável. enfim, assim vão as coisas, os grandes (media capital) continuam a papar tudo e as especificidades tendem a desaparecer. mas, neste caso, não acredito que o 'tio joão' desapareça. desapareceu da RBA, mas há-de haver alguma rádio local, enquanto houver rádios locais, que aproveite o que foi criado ao longo destes 24 anos. até já, então.
nunca fui ouvinte do mais famoso programa de rádio de bragança (até porque começava às 6 da manhã), mas isso não significa que não ache o programa interessante. podia não o ser para mim, mas era-o para muitas pessoas que tinham ali uma companhia diária e partilhavam estórias e momentos com uma vasta comunidade de pessoas com os mesmos interesses, conhecidos, conhecidos da rádio ou desconhecidos de todo, na tal 'família do tio joão'. para muitas pessoas a família do tio joão era, provavelmente, a sua única família. era a rádio a cumprir a sua função social. a partir de agora, um programa de proximidade feito por pessoas locais para as pessoas locais passa a ser substituído por programação da M80, provavelmente feita por um computador a partir de lisboa. custa muito a perceber esta opção até porque, dada a popularidade do programa, mesmo economicamente o projecto deve ser viável. enfim, assim vão as coisas, os grandes (media capital) continuam a papar tudo e as especificidades tendem a desaparecer. mas, neste caso, não acredito que o 'tio joão' desapareça. desapareceu da RBA, mas há-de haver alguma rádio local, enquanto houver rádios locais, que aproveite o que foi criado ao longo destes 24 anos. até já, então.
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