há relatos de mergulhos impossíveis de cinco metros de altura para metro e meio de água;
há estórias de bronzeados à base de manteiga;
há registos de provas de virilidade que não convém serem contadas em sítios públicos como este;
há muita gente de palaçoulo que sabe nadar porque aprendeu naqueles poços.
situados na ribeira de tortulhas, eram o sonho dos mais novos e o pesadelo dos pais que, com razão, temiam os perigos que os poços escondiam.
ainda longe da aldeia, eram as bicicletas, as motas ou (à falta de melhor) as pernas que levavam os rapazes para aqueles paraísos de frescura e liberdade nas tórridas tardes de verão.
foram, em épocas diferentes, as piscinas de palaçoulo. carvão, primeiro. depois amieiros, a fase que eu apanhei.
para uns, o poço de carvão é que era bom, para outros os amieiros é que eram porreiros.
no fundo, parece-me que eram só configurações diferentes do mesmo triângulo: calor, água e juventude.
é verdade que, hoje, nas piscinas há melhores condições, meninas de biquíni, gelados, minis geladas e mais segurança. mas que bem que sabiam aquelas tardes de verão, longe de tudo, só com amigos.